quarta-feira, 16 de maio de 2012

Vereadores não estão habilitados a serem juízes

O QUE SE PASSA ATUALMENTE EM NATAL, TEM ALGO HAVER COM CAMPESTRE ?
 
Natal está prestes a lidar com uma situação que precisa ser enfrentada por legisladores e magistrados, senão pela população leiga. É a transformação de vereadores em juízes, com o poder legal de condenar à inelegibilidade ex-gestores em função do combate à permanência na vida pública de administradores que malversaram quando comandaram poderes. Nos próximos dias, o plenário da câmara municipal de Natal assumirá características de corte quando os vereadores tiverem que aprovar ou não as contas dos oito anos de gestão do advogado, ex-deputado e ex-prefeito Carlos Eduardo Alves à frente do governo municipal.

Ele veio a público esta semana deplorar o fato de vereadores adversários tramarem na casa a reprovação. "Querem me eliminar no tapetão", diagnosticou, lembrando que tem liderado, de longe, todas as pesquisas sobre a intenção de votos dos natalenses em relação à sucessão da prefeita Micarla de Souza, presidente regional do PV e ainda pré-candidata à reeleição. "O quese vê é o líder da prefeita conduzindo de forma casuísticae perseguidora do ponto de vista político, criando pretexto em ano eleitoral, a fim de promover a minha cassação", avançou, referindo-se ao vereador Enildo Alves, seu primo e desafeto. 
 
Do ponto de vista legal, falta a Carlos Eduardo um argumento. Ele silenciou quando a imprena se Natal veiculou um primeiro alerta sobre o fato de a chamada "Lei da Ficha Limpa", pelas sucessivas interpretações a que chegaram cortes superiores, ter transformado a rejeição de contas de ex-prefeitos por vereadores em algo suficiente para condenar à inelegibilidade os políticos carimbados em situação irregular no tocante a suas contas. 
 
Ele estaria recebendo o "troco" de vereadores com os quais não estabeleceu convivência saudável em nenhum momento de sua carreira, muito menos quando prefeito. Alguns têm motivos inescondíveis. Afinal, a grande maioria dos políticos potiguares ainda vê o dedo do então prefeito Carlos Eduardo na denúncia que levou à "Operação Impacto", que condenou à perda de liberdade e antes à deseleição alguns vereadores da época. Compomos um país democrático, e a decisão da câmara municipal não será a de juristas, e sim a de políticos.
 
Abstraindo a espada de Dâmocles que se põe sobre o cutelo de Carlos Eduardo, a regra jurídica está errada. Quem deve julgar e condenar ou absolver é o poder judiciário, não vereadores. Salvo um ou outro bacharel em direito que passou pela câmara natalense, a exemplo do saudoso advogado Érico de Souza Rackradt, nenhum vereador se habilitou escolástica e legalmente para ser juiz. 
 
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Texto integral de abertura da edição deste dia 16, hoje, do "Jornal de Roberto Guedes", que veiculo toda quarta-feira no matutino impresso "Novo Jornal", de Natal.
 
 
Fonte: Blog do Roberto Guedes

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