Texto: PEDRO VALE
DO NOVO JORNAL
DO NOVO JORNAL
Lauro Arruda Câmara era um daqueles
políticos vocacionados. Seja na linha de frente, como prefeito de Nova
Cruz, seja nos bastidores, prestando consultoria à gestão de sua mulher
Joanita, também prefeita do município depois dele, Lauro era
inquestionavelmente um político autêntico e de visão. Se estivesse vivo,
teria completado 100 anos de idade na última terça-feira (9). Para
prestar uma homenagem ao homem que ele foi e ao legado que deixou, o
NOVO JORNAL (fundado por um de seus filhos) publica esta reportagem
(escrita por um de seus netos).
Embora a história de Lauro esteja
intrinsecamente ligada ao município de Nova Cruz, na região Agreste do
Rio Grande do Norte, onde morou durante a maior parte de sua vida e
chegou a administrá-lo como prefeito de 1948 a 1950, ele nasceu em um
local distante das terras potiguares; no seringal de Guajarraã,
município de Lábrea, no Amazonas, em 9 de outubro de ano de 1912.
Com o início da decadência do ciclo da
borracha, o seringueiro Antônio Arruda Câmara, pai de Lauro, se mudou
com sua família para Guarabira (PB) em 1914, onde vivia a família de sua
mulher Taciana, mãe de Lauro.
Leonardo Arruda Câmara, um dos filhos de
Lauro, é quem conta a história. Embora ele não saiba ao certo por qual
motivo Antônio tenha chegado a Nova Cruz, o fato é que o patriarca
passou pelo município e se encantou. Ainda em 1914, toda a família
Arruda Câmara se mudou para a cidade.
Entre os filhos de Antônio, apenas Lauro
e Domício, o mais velho, nasceram em Lábrea. Armando, que estava na
barriga de Taciana quando os Arruda Câmara emigraram do Amazonas, nasceu
na Paraíba. Todos os outros 10 filhos nasceram em Nova Cruz.
Em linhas gerais, a trajetória de Lauro
foi parecida com a de seu pai. Quando se estabeleceu em Nova Cruz,
Antônio abriu um armazém de secos e molhados e depois se lançou na
política, tendo administrado o município entre 1930-1934 e 1943-1946.
Lauro, por sua vez, abriu uma loja de
tecidos e confecções na cidade após ter retornado de seus estudos em
Natal (ele teve que largar o segundo grau que cursava no Colégio Marista
de Natal por causa de uma enfermidade na perna) antes de lançar sua
candidatura a prefeito pelo PSD. O pessedista administrou a cidade de 48
a 50, quando largou a prefeitura para se candidatar a deputado
estadual, cargo que exerceu e à qual se candidatou sucessivamente até
1966.
A partir de então, Lauro foi atuando
cada vez mais nos bastidores. Sua mulher, Dona Joanita Arruda, que
chegou a ser prefeita de Nova Cruz nos anos 50, ocupou a frente da loja –
que, com a chegada da eletricidade em Nova Cruz, acabou se tornando uma
loja de eletrodomésticos, o Comércio Arruda Câmara.
Mais para o final de sua vida, o homem
tão bem relacionado no meio político e que frequentemente trocava
correspondências com Juscelino Kubitschek – que foi presidente do Brasil
entre 1956 e 1961 – preferiu a tranquilidade do campo do que a agitação
política da cidade. Em certo momento, ele se mudou definitivamente de
Nova Cruz para a fazenda dos Arruda Câmara em São José do Campestre,
viajando à cidade apenas esporadicamente.
Lauro morou na fazenda até o fim de sua
vida. Homem de hábitos saudáveis, que não fumava e nem bebia, ele foi
diagnosticado com um câncer de fígado aos 84 anos. Morreu 17 dias após o
diagnóstico, no dia 24 de julho de 1996, em Natal. Deixou seis filhos,
17 netos, 15 bisnetos e uma trineta. O seu centenário aconteceu três
meses depois do centenário de sua mulher, Joanita, que morreu em 29 de
abril de 1993 e completaria 100 anos em 27 de julho deste ano.
Fonte: http://novojornal.jor.br/blog/2012/10/14/o-centenario-de-um-cacique-politico/
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