quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

DN on line destaca: Engenheiro descarta que portas de Alcaçuz tenham sido abertas por detentos

Contrariando a versão oficial para a maior fuga da história do sistema carcerário potiguar, ocorrida na última quinta-feira na Penitenciária de Alcaçuz, o engenheiro Marcos Glimm, responsável pela construção do pavilhão Rogério Coutinho Madruga, garante que "de dentro da cela, com certeza ninguém abriu a porta". Ele acredita que a fuga tenha sido provocada "por algum erro de gestão". O atual diretor do presídio, o tenente-coronel PM Zacarias Mendonça, afirma ter feito um diagnóstico dos problemas imediatos a serem sanados e espera que sejam resolvidos dentro de um mês.

No dia após a fuga, o major PM Marcos Lisboa, então diretor da Penitenciária de Alcaçuz, relatou que os presos teriam conseguido serrar o cadeado de uma cela que estava com a portinhola de alimentação quebrada. Esse cadeado estava na tranca que fica no piso superior. O funcionário da empresa Verdi Construções, que construiu o pavilhão 5 de Alcaçuz em 2010, acha essa versão improvável. "Por dentro da cela não tem como se serrar um cadeado. A portinhola só tem o espaço de uma marmita. A distância entre ela e a tranca no piso superior é de cerca de 1,5 metro, sem falar que existe uma grade entre os dois andares. Outro problema: como é que entrou uma serra ali? Não era nem para os presos terem serra", comenta Marcos Glimm.

Ainda na sexta-feira, o agente penitenciário Raul Moura, vice-presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores Penitenciários do RN (Sindasp/RN), disse não haver qualquer cadeado no pavilhão inteiro durante a fuga. Marcos Glim afirma que, mesmo que não houvesse cadeados, abrir a porta da cela, uma chapa de aço, ainda seria bastante difícil. "Ainda que sacudissem bastante a porta, não tem como a tranca sair do lugar, pois tem uma trava".

O engenheiro responsável pela construção do pavilhão ressalta ainda que, mesmo que os presos conseguissem abrir a porta das celas, eles teriam que passar por, no mínimo, duas outras portas, cujas trancas só são abertas pelo piso superior. Quanto ao material usado na grade superior do solário, por onde os detentos conseguiram escapar do pavilhão, Marcos Glimm confessa que não é do mesmo tipo usado nas barras das grades das celas. "As barras das celas são feitas de um material de mesma resistência de uma serra, então, se você tentar usar esse equipamento para serrá-la, nada vai acontecer. Mas as grades do solário não foram feitas assim porque não é para preso algum conseguir alcançá-la numa situação normal de funcionamento do pavilhão".

Marcos Glimm estava em Natal desde a última sexta-feira e somente ontem conseguiu fazer a visita ao pavilhão que construíra em 2010. Acompanhado de Zacarias Mendonça, do coordenador da Administração Penitenciária, o coronel PM Severino Reis, e do comandante da Companhia de Guarda, o capitão PM João Fonseca Neto, ele fez uma vistoria nos danos causados pela última fuga no setor e afirma que a empresa vai reparar os estragos estruturais. "É um filho nosso e temos que mantê-lo. Mas, pelo que vi, apenas duas paredes do solário foram quebradas. Dentro da área da carceragem está tudo intacto, nada foi danificado".

O engenheiro retornou ontem mesmo para o Rio Grande do Sul, onde fica a sede da empresa, levando consigo as chaves originais da entrada do pavilhão, que sequer foram entregues ao governo no ano passado. A entrada teve de ser arrombada à época da ocupação do setor, pois, segundo Marcos Glimm, apenas 20% da obra foi paga pelo Estado. Contudo, a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) requisitou à Verdi Construção o orçamento para a construção de outras cadeias públicas, nos moldes do Rogério Coutinho Madruga. "Vou levar a proposta e a empresa é que vai decidir. Eles (Sejuc) disseram ter uma verba de R$ 42 milhões para as obras". As prisões seriam erguidas nos municípios de Lajes, Macau, Ceará-Mirim e Parnamirim. O objetivo é criar ainda este ano 1.196 vagas no sistema penitenciário potiguar. 

Fonte: DN on line 




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